Tarde paulistana
No final de março estive em Minas Gerais. Peguei um voo da Latam de Navegantes para Congonhas, onde teria de esperar umas duas horas pelo segundo voo ligando Congonhas à Confins. O problema é que perdi a conexão em Congonhas. Fiquei bastante incomodado, mas resolvi ‘inverter o disco’ e graças a isso passei uma tarde muito legal na maior cidade da América Latina.
A conexão
No intervalo entre a chegada de Navegantes e a decolagem para Confins, tomei um café e encontrei um lugar para sentar próximo ao final do terminal. Cheguei a olhar no Flightradar24 para ver qual seria a aeronave a cumprir a segunda rota (sim, sou fanático por aviação também) e no aplicativo da Latam para verificar o portão de embarque. Naquele momento, verifiquei que a ‘minha’ aeronave iria operar um voo procedente de Campo Grande. Normal, pois ainda faltavam umas duas horas para a decolagem rumo a Confins.
Quando chegou o horário de embarque e a aeronave não estava em Congonhas, resolvi conferir no Flightradar24 novamente e ela estava atrasada, mas prestes a pousar. Fiquei atento, então, e em poucos minutos o Airbus A320 já estava parado no portão de embarque que iria para Minas. Os passageiros vindos de Campo Grande desembarcaram e o pessoal de solo da Latam fez a higienização da aeronave para o próximo voo.
Devido a COVID-19 o embarque dos passageiros seria feito por grupos, e eu fazia parte do último deles: o de número 6. Como o lugar já está reservado, nunca fico na fila. Pelo contrário, fiquei afastado até praticamente a conclusão do embarque. Quando entreguei minha documentação e o bilhete para o atendente, ele me falou uma frase que me deixou paralisado por uns dez segundos: “Senhor, este avião aqui vai para Vitória!”
Depois de processar a informação, perguntei a respeito do voo para Minas e ele me apontou para o portão ao lado, onde ainda estava a aeronave. Fui correndo para lá, mas o atendente deste portão não me deixou embarcar. Segundo ele, o procedimento de embarque estava concluído e as portas da aeronave já estavam fechadas. Expliquei a minha situação e ele me disse que ajustes operacionais desse tipo são comuns ao longo do dia, mas que eles sempre avisam nos painéis e no sistema de áudio do aeroporto. Como eu já tinha tudo na cabeça há horas, não olhei os painéis e muito menos prestei atenção no áudio péssimo da sala de embarque.
Fui até a agência da Latam para tentar conseguir passagem para o próximo voo. Deu certo, mas teria de aguardar mais nove horas em Congonhas e pegar o voo as dez da noite.
Saindo do aeroporto
Dois minutos depois de resolver a situação com a Latam, passei a olhar esse problema de outra forma e decidi ir para a ‘muvuca’. Faziam uns oito anos que eu não colocava os pés na cidade e, pessoalmente, gosto demais dela. O único problema seria com a mala. A ideia era ir de Uber até a Rodoviária do Tietê onde teria um guarda volumes para deixá-la. Abri o aplicativo e, acredite, não achei nenhum veículo disponível para fazer a rota de pouco mais de dez quilômetros. Me sugeriram ir ao outro lado da Avenida Washington Luís, pois lá poderia ser mais fácil. Depois de uns dez minutos sem conseguir, confesso que dei uma desanimada e quase voltei para o aeroporto mesmo. Foi quando vi um taxi e resolvi perguntar se ele faria a corrida.
Na mesma hora vi um Hotel Ibis bem no meu lado. Como tinha reserva no Ibis de Belo Horizonte para aquela noite, talvez pudesse explicar a situação ao pessoal dali e eles guardassem a minha mala de graça. Deu certo! Estranho que não me perguntaram nada, não pediram documentos e colocaram a mala numa sala imensa com mais dezenas delas.
Como não precisei mais ir até o Tietê, acabei parando de taxi na Rua 25 de Março mesmo. Andei bastante no Centro e no Brás, e foi na região do Viaduto do Chá que pude fazer algumas fotos bem legais dos ônibus paulistanos.
Os ônibus
Pra quem gosta de ônibus urbanos, São Paulo é o melhor lugar. A região central da cidade conta com os trólebus e é passagem de várias linhas ligando diferentes pontos do município.
Os trólebus são ônibus elétricos que vão diretamente ‘ligados’ na fiação externa. Eles somente podem circular por linhas pré-determinadas onde a rede elétrica aérea é preparada para a operação. Na realidade, eles até contam com motores diesel, mas não compensaria para as empresas pagarem mais caro para adquirir trólebus e utilizá-los em linhas convencionais.
Desde a primeira vez que estive em São Paulo – em 2006 – muita coisa evoluiu no transporte coletivo, principalmente na qualidade e recursos da frota. Uma quantidade absurda de ônibus articulados e ‘super articulados’ dominou as ruas da cidade. Ainda existem muitos pontos a evoluir na operação, pois ônibus bons e novos não necessariamente são sinônimo de qualidade no transporte. Mas já é um excelente começo. O limite de idade para os veículos é de dez anos e pelo que observei é respeitado pelas operadoras e fiscalizado pela Prefeitura de São Paulo.
Seguindo viagem
Na hora de voltar para o Aeroporto de Congonhas, também tive muita dificuldade de conseguir um Uber e resolvi recorrer ao taxi. Nenhum dos taxistas quis me levar para Congonhas em pleno final de tarde de sexta-feira. Foi um momento de sufoco, apesar de que ainda tinha tempo de sobra. Foram mais algumas tentativas até que, enfim, consegui um Uber.
No caminho para o Hotel Ibis, o motorista me explicou que a cidade estava mais movimentada no sentido de Congonhas e da Zona Sul devido ao evento Lollapalooza que estava ocorrendo em Interlagos. Isso motivou a dificuldade de conseguir Uber e deixou os valores altos devido à tarifa dinâmica.
Chegando ao hotel para retirar a mala, entendi o motivo de terem guardado-a de graça: estavam recebendo as malas dos hóspedes que chegavam de viagem e iam direto ao Lollapalooza. Como cheguei para retirar a mala bem mais cedo, provavelmente ficaram desconfiados, mas como eu tinha o tíquete com a numeração não falaram nada. Talvez pensaram que eu havia voltado mais cedo da festa. Sem ter check-in no hotel, agradeci, peguei a mala e fui embora sem olhar pra trás. Chegando em Congonhas, pausa para um lanche no La Fortuna Café (nome sarcástico né?) antes do embarque no Airbus A319 da Latam para Confins. Dessa vez deu certo e consegui chegar em Minas à meia-noite.
Por enquanto é isso, espero que tenham gostado da história. Outra hora falo sobre Minas Gerais! Mais fotos desta saga estão disponíveis em nosso Instagram.
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